terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A UMBANDA TEM FUNDAMENTO E É PRECISO PREPARAR


MEL

O Evangelho de São Mateus conta a passagem da pregação de João Batista no deserto, onde há alusão ao mel: “a sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre” (Mateus 3:4).

As primeiras notícias históricas sobre o mel foram encontradas em representações em cavernas na Espanha (Arana) e datam de 10.000 a.C.

A cultura do mel difundiu-se na época egípcia. No Egito, como também na Grécia, a abelha era considerada como de origem divina. Ra, o Deus do Sol dos egípcios, deixou cair sobre a Terra as suas lágrimas, que se transformaram em abelhas.

Também o povo hebreu conhecia o mel. O Antigo Testamento contém muitas indicações sobre o alimento. Mas foi na Grécia que o mel chegou ao seu apogeu: os doces gregos, especialmente o bolo de mel (pão de mel), eram usados nos cultos, sobretudo no ritual de oferta a Demeter.

Na Bíblia vamos encontrar inúmeras referências ao “país onde correm o leite e o mel”.

A utilização dos produtos das abelhas com fins terapêuticos é denominada apiterapia e vem se desenvolvendo consideravelmente nos últimos anos, com a realização de inúmeros trabalhos científicos, cujos efeitos benéficos à saúde humana têm sido considerados por um número cada vez maior de profissionais da saúde. Países como a Alemanha já a adotaram como prática oficial na sua rede pública de saúde.

Trechos retirado do livro “A dieta de Jesus” de Heloisa Bernardes

Na Umbanda o mel é usado com frequência, velas são acessas envolvidas por mel, nomes e fotos são envolvidos por mel sempre com a intenção de adoçar, apaziguar e harmonizar o espírito, inclusive relacionamentos.

Além disso o mel tem a simbologia de alimentar o espírito com a essência mais pura da natureza, dessa forma aliviam-se os espíritos sedentos de pureza e famintos de boa energia.

Também é usado para curar as feridas do espírito, ajudando a cicatrizar e curar mágoas.

Portanto o mel é bem usado nos casos de depressão e dores no corpo, quando a pessoa está com sentimento vingativo acentuado ou sem compreensão das questões da vida, quando o corpo astral está sem energia, quando o médium está com dificuldade de incorporação e, principalmente, quando a pessoa está com dificuldade no sentido da fé e de se ligar com o Divino.

Mais do que unir casais, relacionamentos e pessoas o mel deve ser usado como um elemento que propicia a BOA COMUNICAÇÃO e a LIGAÇÃO.

Ou seja, o mel nos liga ao próximo e nos liga ao Divino, sempre de forma pura e desinteressada, é um excelente alimento para a alma.

Por Mãe Mônica Caraccio

CABAÇA

A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização no Candomblé. É o fruto da cabaceira (Cucurbita lagenaria L.) e basicamente tem uma forma arredondada e um pescoço curto ou longo, podendo tomar outras formas, dando–lhe assim condições de ter diversas utilizações. Depois de extraída, torna-se seca e sólida. Por dentro possui algumas sementes. Quando cortada, deve-se retirar a polpa, deixando-a secar, para ser usada como utensílio. Inteira, é denominada cabaça; cortada, é cuia ou coité, e as maiores são denominadas cumbucas.

Nos ritos de Candomblé, sua utilização é ampla, tomando nomes diferentes de acordo com o seu uso, ou pela forma como é cortada. A cabaça inteira é denominada Àkèrègbè, e a cortada em forma de cuia toma o nome de Ìgbá.

Cortada em forma de prato é o Ígbáje, ou seja, o recipiente para a comida. Cortada acima do meio, forma uma vasilha com tampa, tomando o nome de Ígbáse, ou cuia do Àse, e é utilizada para colocar os símbolos do poder após a obrigação de sete anos de uma Ìyáwó, como a tesoura, navalha, búzios, contas, folhas, etc. que permitirão à pessoa ter o seu próprio Candomblé.

Cabaças minúsculas são colocadas no Sàsàrà de Omulu, como depósito dos seus remédios. No Ógó de Èsù, uma representação do falo masculino, as cabaças representam os testículos. Usa-se uma das partes da cabaça cortada ao meio, e colocada na cabeça das pessoas a serem iniciadas e que não podem ser raspadas por serem Àbìkú, para nela serem feitas as obrigações necessárias.

Com o corte ao cumprido, torna-se uma vasilha com um cabo, chamada de cuia do Ípàdé, e serve para colher o material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas. Inteira e revestida de uma rede de malha será o Agbè, instrumento musical usado pelos Ogans durante os toques e cânticos.

Uma cabaça com o pescoço comprido em forma de chocalho é agitada com as suas sementes, fazendo assim o som do Séré, forma reduzida de Sèkèrè, instrumento por excelência de Sàngó. A cabaça inteira e em tamanho grande substitui, nos ritos deÀsèsè, a cabeça de uma pessoa que morreu e que por alguns fatores não é possível realizar as obrigações necessárias de tirar oÒsu.

Trechos retirados do livro “As águas de Oxalá” de José Beniste

A Umbanda também se utiliza da cabaça que além de absorver parte dos significados e utilizações do Candomblé é usada como elemento energético, mágico e natural pelos Pretos Velhos, Caboclos e Exus em especial. Também faz parte dos elementos utilizados nos assentamentos de Yansã-Oyá, Obaluayê, Omulu, Caboclo e Exu.

A cabaça representa o ‘pote que guarda todos os mistérios da cura, da vida e da morte’, é um elemento vegetal poderosíssimo e de grande valor simbólico.

Substituindo os copos por cabaças, o vinho e a água servido aos Pretos Velhos, Caboclos e Exus terão um valor energético a mais.

Nas oferendas a substituição também é muito bem aceita e importante, afinal é natural, tem valor energético, tem simbologia e é biodegradável.

Tomar banho com as sementes da cabaça é excelente para descarregar o campo mediúnico, favorecendo o equilíbrio mediúnico e a harmonização emocional.

Cortada horizontalmente pode ser utilizada nos Rituais de Amaci, evitando qualquer outro elemento impróprio para a ocasião.

Mais do que isso é oferecer algumas cabaças para os Pretos Velhos, Caboclos ou Exus e perceberemos quantas mirongas, quantas magias, são feitas com a cabaça.

por Mãe Mônica Caraccio

PIPOCA

- Na Umbanda é usada nas oferendas para os Orixás Obaluayê, usando sempre as pipocas brancas, e Omulu usando também as pipocas queimadas (pretas).

Os banhos de pipoca são rituais importantes e poderosíssimos para os médiuns. Para os banhos de cura e harmonização, feitas sem óleo e sal; nos banhos de descarrego o milho é estourado com azeite de dendê (nesse caso esse banho deve ser feito sempre em campo aberto); nos banhos de fixação de força o milho deverá ser estourado com areia da praia.

A pipoca também é elemento vegetal transformador e transmutador, portanto é muito usado nos rituais de cura, além disso os Guias fazem verdadeiras mandingas com apenas um punhado de pipoca nas mãos, favorecendo o corpo astral dos consulentes.

por Mãe Mônica Caraccio

Para ilustrar o que representa a pipoca e seu poder transformador reproduzo um texto de Rubem Alves, teólogo, filósofo, poeta e escritor, onde a clareza e a essência com que ele expõe a simbologia da pipoca são fantásticas!

Vale à pena ler. Retirado do livro “O amor que acende a lua” de Rubem Alves

A Pipoca para Rubem Alves

A culinária me fascina. De vez em quando eu até me atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.

Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de “culinária literária”. Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.

Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme “A Festa de Babette” que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.

As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.

A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.

A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.

Para os cristãos religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida…). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.

Lembrei-me, então, da lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé…

A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.

Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.

Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.

Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!

E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.

“Morre e transforma-te!” — dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.

Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.

Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira…

Estudar não é inspiração, é transpiração!

Estudar é decisão, é renunciar, é um ato solitário.

Estudar é trabalho, é disciplina, é determinação e conduta.

Estudar, discernir, escolher, responder é o principio da evolução e são nossos DEVERES como Religiosos e como Seres Humanos.

Mãe Mônica Caraccio

Jornal da Umbanda Carismática

Um comentário:

  1. Adoro os cursos da Mãe Mônica....domingos de encontros revigorantes e repletos de conhecimento.

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails