Ela hoje se apresenta
como pomba-gira, ligada aos ritos africanos difundidos no Brasil
principalmente a partir dos terreiros da Bahia e do Rio de Janeiro, mas
Maria Padilha, na verdade, nasceu na Espanha, onde foi amante do rei Dom Pedro
I de Castela, conhecido como “o Cruel”, ou “o Justiceiro”.
Maria de Padilla
Segundo a historiadora Lucienne Mazenod[1] (1996, p. 785), Dona Maria de
Padilla, também conhecida como Maria Padilha, filha de Juan Garcia de
Padilla e Maria Gomez de
Henestroza, nasceu em Palencia, por volta de 1334,
e faleceu em 1361, na mesma cidade.
O Encontro com Dom Pedro
I de Castela
Maria de Padilla foi apresentada a Dom Pedro I por
intermédio de João Afonso de Albuquerque, o Conde de Albuquerque,
mordomo-mor de Maria de Portugal( rainha
de Castela) e artífice do casamento de Dom Pedro I de Castela, com Branca de
Bourbon. Maria de Padilla tornou-se amante de Dom Pedro I de Castela
e passou a influenciá-lo nas mais importantes decisões. Foi graças a Maria de
Padilla, em 1353 que Dom Pedro I de Castela, o jovem rei de 19 anos,
escolheu governar como um autocrata apoiado no povo, casando-se com Branca de
Bourbon como forma de fortalecer os laços políticos criando um
aliança entre Castella e França.
O Casamento de Dom Pedro
I e Branca de Bourbon
Mesmo contra a vontade da própria Branca de
Bourbon, no dia 25 de fevereiro de 1353,
ela chega em Valladolid, com seu
séquito chefiado pelo Visconde de Narbona, para
assumir seu lugar como esposa de Dom Pedro I de Castela, mas Pedro I
encontrava-se em Torrijos com Maria de Padilla prestes
a dar à luz. Em 3 de junho, do mesmo ano,
houve a cerimônia da boda de Pedro I de Castela com Branca de
Bourbon, apadrinhada por Dom Juan Afonso de Albuquerque e sua tia Leonor de Aragão. Três dias mais tarde, após romper a aliança com a
França, o rei Dom Pedro I abandona sua esposa e volta se dirige a Puebla de
Montalbán, onde Maria de Padilla se
encontrava.
O Casamento Secreto de
Maria de Padilla
Após uma breve reconciliação com seu amado Dom
Pedro I, Maria de Padilla parte,
juntamente com Dom Pedro I de Castela, para Olmedo,
onde se casaram secretamente. Depois do casamento com Dom Pedro I de Castela, Maria
de Padilla muda seu nome para Maria Padilha para adequar-se a pronúncia dialética
de Olmedo. Nascendo, assim a linhagem da família Padilha. A Casa
Real de Padilha.
Os Filhos de Maria
Padilha e Dom Pedro I de Castela
Dª. Maria Padilha e Dom Pedro I de Castela tiveram
quatro filhos.
§ Beatriz, infanta de Castela (Córdoba, 23 de março de 1354-1369 Tordesillas),
freira na Abadia de Santa Clara;
§ Constança, infanta de Castela (Castrojeriz, Castela, julho de 1354-24 de março de 1394 no
castelo de Leicester) casada em 21 de setembro de 1371 ,em
Roquefort-sur-Mer, naAquitânia, com João
Plantageneta de Gaunt, João
de Gaunt ou João de Gand (Flandres 1340-1399), Duque de Lencastre, filho
de Eduardo III de
Inglaterra e Filipa de Hainaut, viúvo desde 1369 de
Branca de Derby. Foi pretendente de 1372 a 1387 ao
trono castelhano, chegando a se intitular “Rei de Castela”. Teve uma filha, Catarina de Lancaster ouGaunt (morta
em 1418) que em 1388 casou com Henrique III de Castela (morto
em 1406), irmão de Fernando III de
Antequera, filhos de João I de Castela.
§ Isabel, infanta de Castela (nascida em Morales no verão
de 1355 e morta em 23 de novembro de 1393)
casou-se em Hertford em 1 de março de 1372 com
Edmundo Plantageneta de Langley (1341-1 de agosto de 1402), Conde de Cambridge,
em 1385 Duque de York, irmão do
precedente pois era o 4º filho de Eduardo III de
Inglaterra e Filipa de Hainaut. Tiveram três filhos: Ricardo (1375-1415), Conde de Cambridge;
Constança e Eduardo Plantageneta (1373-1415);
em 1390 Conde de Rutland.
§ Afonso, príncipe herdeiro de Castela (Tordesillas, 1359-19 de outubro de 1362).
Dos descendentes de Maria Padilha, o primeiro que
passou a Portugal foi Pedro Norberto de Arnot e Padilha, que foi Secretário do Paço, na Repartição do Minho.
Ele procede deDiogo Miranda de
Padilha, que viveu no reinado de Dom Sancho III, de Navarra (994-1035).
O segundo de que temos notícia é Lopo Fernandes
de Padilha, que, no reinado de Dom Fernando, fez parte da comitiva da princesa Dª. Beatriz, quando de seu casamento com Dom João I de Castela. No
reinado de Dom João III de Portugal,
foram concedidas cartas de armas: em 30 Abr 1530, a Dom Bartolomeu Fernandez Padilha, escudeiro da casa de
Dom João III de Portugal, e em
23 Ago 1532, seu irmão, Dom Francisco Fernandes Padilha, por descenderem dos Padilha de Castela. Na igreja do Convento do Carmo, do lado do Evangelho, logo no princípio da nave, defronte do claustro, foi construído o carneiro de jazida dum fidalgo castelhano, Cristóvão
Fernandes Padilha, a quem Dom João III deu o foro do escudeiro fidalgo e o foro de brasão de armas. Esta
capela, no séc. XVIII, pertencia ao
conhecido autor das Raridades da
Natureza, Pedro Norberto de Hancourt Padilha, cavaleiro fidalgo e escrivão do desembargo do Paço.
O Cavaleiro da Ordem de Sant’Iago Dom Cristóvão
Fernandes Padilha, filho de Dom Fernão Soeiro Fernandes Padilha, cavaleiro espanhol, casou com Dª. Ana de Miranda, filha
de Dom Pedro de Miranda,
com quem teve Dom Sebastião
Padilha. Este casou com Dª. Filipa Osório, filha de Dom Belchior Osório e
de Catarina Henriques. Desse
matrimônio nasceu Dom Luís Padilha de
Miranda, Cavaleiro da Ordem de Avis e provedor dos Coutos.
Dom Diogo Fernandes
Padilha foi pai de Dom Lázaro Padilha,
cavaleiro da Ordem de Cristo, que casou
com Dª. Maria Ribeiro Salazar, filha de Dom Gaspar Ribeiro de Arévalo, espanhol, e de Dom Francisca Cifuentes de Castela. Deste casamento nasceu Dª. Bárbara
de Padilha, que adquiriu matrimônio com seu primo Dom Luís Padilha de
Miranda, acima referido, gerando os Haucourt Padilha.
O Assassinato de Branca
de Bourbon
O partido político, adverso a Pedro I de Castela,
descobre que ele havia se casado, secretamente, com Maria Padilha e exerce
pressão política contra o reinado de Dom Pedro I. Don Beltran de la Sierra,
núncio do papa, intimou o rei a retomar Branca como sua esposa. O rei,
entretanto, preferiu mantê-la afastada, mandando-a de Siguenza para Jerez de la Frontera e,
mais tarde, para Medina Sidonia até
que em 1361 Branca de
Bourbon é envenenada e morta, aos vinte e cinco anos, pelo
ballestero Juan Perez de Rebolledo. Muitos historiadores afirmam que o
assassinato foi encomendado por Maria Padilha.
A Morte de Maria Padilha
Alguns meses após a morte de Branca de
Bourbon, em Medina Sidonia, Maria Padilha morre durante a pandemia da peste bubônica de 1361 e
seus restos mortais são sepultados em Astudillo, onde ela havia fundado um convento. Após a morte de
Maria Padilha todos os herdeiros, pertencentes à Casa de Padilla, mudaram seus
títulos para Padilha.
Dom Pedro I de Castela nunca se conformou com a
morte prematura de sua amada, a eterna Maria Padilha, tanto que um ano depois,
em uma Corte celebrada em Sevilha, declarou diante dos nobres que sua primera e
única esposa havía sido Dona Maria Padilha. Com o Arcebispo de Toledo considerando
justas e honrozas as razões que levaram Dom Pedro I de Castela a abandonar
Branca de Bourbon, tendo em vista os conflitos com os Franceses, Pedro I
deparou-se com uma Corte disposta a ratificar a afirmação de seu rei e assumir
Maria Padilha como a legítima rainha.
Com a confirmação de que Maria Padilha foi a única
esposa do rei Dom Pedro I de Castela, seus restos mortais foram transferidos
para a Capela dos Reis na Catedral de
Sevilla.
A história de amor e
paixão entre Maria Padilha e o Rei se espalharam por toda a Península Ibérica.
Pelos idos de 1700, começou a despertar o interesse das feiticeiras em Lisboa,
Portugal, que faziam conjuros e feitiços, invocando Padilha, que participava já
em espírito. Algumas dessas mulheres chamadas de bruxas pela Igreja e
perseguidas pela Inquisição, foram mandadas à fogueira, outras degredadas para
o Brasil, mais especificamente para Pernambuco, e com elas veio à fama de Maria
Padilha.
A primeira vez que Maria
Padilha se manifestou no Brasil, de acordo com pesquisas feitas pela escritora
Maria Helena Farelli, foi num toré, um ritual em que as pessoas buscam remédio
para suas doenças e conselhos dados pelos caboclos. Baixou no médium, pediu um
cigarro, falou em língua estrangeira e se identificou, gargalhando. Voltou a se
manifestar em outras situações, até que descobriu o Maracatu, um cortejo de
origem africana, onde identificou na festa uma série de signos e símbolos que a
faziam recordar sua Espanha natal. Esta estabelecida de vez a ligação entre os
rituais afro-brasileiros e o mito de Maria Padilha.
Padilha incorporou em
festas na Bahia e no Rio de Janeiro e hoje baixa em terreiros de todo o País!
Existem sete falanges de
Maria Padilha
1. Maria Padilha
das Almas
2. Maria Padilha da Encruza
3. Maria Padilha da Boca de Fogo
4. Maria Padilha Sete Saias
5. Maria Padilha Menina
6. Maria Padilha da Calunga
7. Maria Padilha Rainha do Candomblé
2. Maria Padilha da Encruza
3. Maria Padilha da Boca de Fogo
4. Maria Padilha Sete Saias
5. Maria Padilha Menina
6. Maria Padilha da Calunga
7. Maria Padilha Rainha do Candomblé
Bibliografias
Consultadas
§ JAVIERRE, José
María. Gran enciclopedia de Andalucía. Ed. Anel. Granada, 1979. (em português)
§ EXUM, Frances Bell.The treatment of Pedro I de Castilla in
the drama of Lope de Vega. Ed. University Microfilms International,
1980 (em português)
§ Grande
Enciclopédia Brasileira e Portuguesa. Editorial Enciclopédia, 2007. (em português)
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